O Livreiro de Cabul é uma grande reportagem como trataria o professor de jornalismo de qualquer academia. A jornalista norueguesa se “infiltra” na família do livreiro Sultam Khan para relatar como vive a sociedade afegã: seus dogmas, angústias e, em especial, o papel da mulher marcado pela submissão.
Asne não se preocupa em seguir uma cronologia com início, meio e fim. Os capítulos são largados, sem conexão. Um livro como O Livreiro de Cabul não atrai um leitor residente em Cabul ou em qualquer lugarejo “medievel” do território afegão. Mas, para nós ocidentais, passa a ser um grande aprendizado sobre costumes tão diversos.
O mais lúcido é o esclarecido Sultan quando ele afirma: “Você acha que a oração vai ajudar? O alcorão diz que temos de trabalhar, resolver nossos problemas, que precisamos suar, dar duro. Mas nós afegãos somos preguiçosos, em vez de trabalhar pedimos ajuda, ao Ocidente ou a Alá (…) O profeta Maomé choraria se ouvisse todos os gritos, choros e orações proferidos em seu nome”.