Em tempos de descrédito, nem tudo que está ruim que não possa piorar. Números do TSE indicam que em Balneário Camboriú uma vasta minoria decide pela maioria. Não mais do que 12,5 mil moradores estão filiados a partidos políticos e esta insignificância numérica pode ser cruel para uma cidade, porque a população torna-se refém de caprichos pessoais de meia dúzia de “pensadores”. Estes caprichos podem se revelar por uma passarela concebida em um guardanapo ou pelo empreguismo político da máquina administrativa.
O PMDB, cabeça da aliança do governo municipal, tem um pouco menos do que 2400 filiados. Quer dizer, um número menor do que o quadro de funcionários da prefeitura. Para o perfil político que o prefeito Edson Renato Dias imprimiu ao seu governo durante todos esses anos de poder são muito pouco filiados. Mas o prefeito não governa sozinho. Agregam-se os minúsculos como o PR com seus 328 filiados, ou o DEM e o PP, um pouco mais robustos com seus 833 e 949.
Considerando-se que boa parte dos filiados não está empregada, conclui-se que a qualificação não é critério para ocupar um cargo administrativo. E quando a indicação é de um líder político “estadualizado”, a emenda é pior que o soneto. Importam-se “quadros” sem compromisso com a cidade, envoltos numa aura de legítimo representante do perfil perfeito de gestão. Balela. É mesmo indicação da rede de influências que se estabelece no exercício do poder. São estes “quadros” que geralmente estão envolvidos em escândalos – quando descobertos e tornados públicos.
Todos estes ingredientes nefastos fizeram parte do perfil administrativo do prefeito Edson Renato Dias. Não que seja uma exceção à regra. Não, muito pelo contrário. A exceção está em administrar uma cidade sem os favores políticos. O que se costuma chamar de gestão é fato raro na política. A cidade se arrasta até o ano que vem, enquanto os quadros políticos de situação e oposição trabalham nos bastidores – e nas sombras – para manter ou tomar o doce poder.
Os partidos em BC
A reportagem da PubliXer pesquisou os números do TSE no mês de maio e agora em agosto, a menos de 60 dias para o fechamento do prazo de filiação para quem quer ser candidato.
A movimentação ainda é morna mesmo com todos os eventos de filiação anunciados por este ou aquele partido. Veja os números dos 15 maiores partidos em Balneário Camboriú:
PARTIDO | MAIO | AGOSTO |
PSDB | 3049 | 3053 |
PMDB | 2370 | 2407 |
PDT | 1840 | 1836 |
PP | 950 | 949 |
DEM | 853 | 833 |
PTB | 433 | 424 |
PT | 413 | 408 |
PV | 362 | 360 |
PR | 336 | 328 |
PPS | 334 | 334 |
PRB | 249 | 249 |
PSL | 233 | 233 |
PSC | 219 | 217 |
PSB | 142 | 168 |
PSD | 136 | 134 |
1 Comment
Concordo com o artigo, mas acho que o problema não se resume à BC. No estado a última eleição foi decidida por 6 ou 7 pessoas, que mandavam nos partidos. Vejamos: LHS, Colombo, Pinho Moreira, Mauro Mariani, Dario Berger, Jorginho Melo, Paulo bornhausen. E mais quem? Eles elegeram quem eles quiseram. E tambem acho que não é diferente na area federal. Quem decide são uns quatro ou cinco.
Mas isto é a democracia representativa, começa nas bases dos partidos – que são manipulados pelo executivo – para os diretorios estaduais – que são manipulados pelo executivo ou pelos deputados – até o federal – onde mandam os governadores e executivos.
Existe sistema melhor?