Conheço Lula faz tempo. Desde quando ele surgiu como líder do sindicato dos metalúrgicos que peitou o regime militar. Ainda era jovem, classe média, acompanhava o que a Globo decidia colocar sobre o movimento sindical. Depois entrei na faculdade. Toda minha formação acadêmica foi embalada por cientistas políticos de esquerda. Minha tese de final do curso foi sobre a CUT. Queria identificar a corrente anarquista dentro da Central. E consegui depois de conversar com sindicalistas na cidade de Cajamar, na época o centro intelectual da CUT.
Acompanhei a trajetória de Lula. Votei nele contra o Collor porque Lula representava a mudança. O PT (nunca fui filiado) se apresentou para a sociedade como a esperança. E era o que o Brasil precisava. Embora haja saudosistas da época (há até pessoas saudosistas que não viveram a época), o regime militar representava a falta de liberdades civis. Era no cabresto. Não se expresse e o resto é com os militares.
Até que Lula venceu. O PT tomou – democraticamente – o poder e a esperança não demorou a virar fumaça. Descobri então que no poder todos são iguais. Quando Lula terminou seu mandato até postei no Blog que havia gostado de seu(s) governo(s), apesar de todas as más intenções cometidas por petistas de todas as dimensões. Achei que o saldo para a população foi positiva. A população pode até não gostar do camarada que está na poder, mas se financeiramente vai bem, ele costuma não reclamar. Basta que a crise enfie a mão no seu bolso para suas convicções políticas aflorarem, mesmo que não tenha convicção nenhuma.
Pois Lula esteve na Globo News nesta quarta-feira de frente com o jornalista Roberto D’Avila. Acompanhei a entrevista enxergando Lula como qualquer político. Mais um carreirista com todos os vícios dos demais. O que mais ficou da entrevista foi quando falou do filho investigado. Não protegeu. Disse que ele tem que provar a verdade. Com relação a sua fama de ladrão, ele desafiou qualquer empresário, preso ou não preso, que goste ou não goste dele, que prove se algum dia ele aceitou uma pera de presente.