(Foto: Pedro França/Agência Senado) – Há 14 anos, o trabalhista Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente do país rompendo com uma tradição de governos de direita e de exceção desde a queda de João Goulart. O petismo no poder era a esperança colocada em slogan na época. Com Lula, o país experimentou avanços sociais com uma economia estável, sem crises. Mas levou a cabo o que Umberto Eco chamaria de democracia secreta, aquela onde as segundas intenções não podem ser tornadas públicas. Acabou em corrupção, e das brabas, que seria descoberta anos depois com a Lava Jato e as consequentes prisões de poderosos políticos e econômicos.
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Seus oito anos de governo aprovados pela maioria da população lhe concedeu o direito de escolher quem ele bem entendesse para sucedê-lo. Esnobou todos seus companheiros políticos de carteirinha ao tirar da manga a ex-pedetista Dilma Roussef, nome nunca digerido por correntes do PT, inclusive as hegemônicas. Dilma foi eleita e, depois, reeleita já em um cenário econômico a beira do abismo e uma recém estourada Operação Lava Jato, sempre aliado – seu governo – ao PMDB. Bastou ser anunciada oficialmente presidente para a cortina da crise econômica se abrir de peito aberto. O país mergulhou na crise, desemprego em massa e os até então parceiros pemedebistas trataram de cair fora comandando um processo de impeachment.
O impeachment consumado carimba o fim de um ciclo do partido trabalhista. Com uma eleição municipal se aproximando e anunciando o encolhimento do PT, suas lideranças terão a incumbência de refundar o partido. Uma crise a ser tratada no divã.