Os norte americanos têm certos maneirismos arrogantes, por exemplo, se acharem americanos. O fotógrafo Michael Grecco quando esteve no Brasil tinha a mania de dizer que é americano. Patrícia, a tradutora, respondia a ele: “Norte americano, não é Grecco? Americanos somos todos nós”. E ele não saia do pedestal.
Esta “alma” norte americana foi investigada pelo filósofo francês Bernard-Henri Levy que entre a campanha eleitoral que reelegeu George W. Bush, em 2004, e o verão de 2005 viajou todo o país de carro refazendo trajetos realizados pelo seu conterrâneo Alexis de Tocqueville que percorreu o território norte americano em 1831 para estudar o sistema prisional e que resultou no livro A Democracia na América.
Ler American Vertigo, de Levy é como estar numa sala de cinema assistindo a um roadie film. Ele percorre o território visitando algumas referências da sociedade norte americana, tipo feira de armas, museus (norte-americano adora museu, nem que sejam de réplicas), as comunidades evangélicas, o não apego às cidades, algumas prisões (inclusive Guantánamo que quase não conseguiu), entrevistou Sharon Stone, viu Woody Allen tocando jazz como se fosse um anônimo, a indústria do sexo levada muito a sério conforme os valores norte-americanos, enfim Levy mergulha fundo para no final do livro diagnosticar a respeito do fundamentalismo, a pobreza do sistema capitalista, o imperialismo e o neo conservadorismo, sem jamais imaginar o fatídico 11 de setembro e, pior, que um dia surgiria a figura de Donald Trump.