O Diário do Litoral, ou Diarinho, aquele que os mais abastados intelectualmente não suportam – mas vivem lendo – prestou uma grande contribuição ao tornar público parcela da auditória realizada na secretaria do planejamento da prefeitura de BC em 2016. Numa série de três grandes reportagens, o Diarinho dissecou a relação promíscua entre público e privado, algo como o que vem acontecendo na esfera federal em menor proporção.
Na primeira reportagem a abordagem teve o engenheiro assassinado Sergio Silva como o centro das atenções; na segunda reportagem, a relação podre entre funcionários e empresas e na terceira, fechando, foram reveladas as irregularidades e ilegalidades cometidas devidamente acompanhadas pelos “não tenho nada com isso” das empresas envolvidas de acordo com a auditoria.
A reportagem que mais chama a atenção é a segunda quando aborda a relação de profissionais efetivos e não efetivos (cargos de direção) com as empresas envolvidas nas denúncias. Por ser uma auditoria por amostragem, diversos personagens e casos permanecem ocultos. O que faz crer que a liturgia é muito maior do que foi revelado.
O esquema armado na secretaria de planejamento ultrapassa décadas. De governo a governo foi se enraizando e se institucionalizando. Seria um caso Odebrecht em menor proporção, mas com todos os ingredientes de um roteiro de corrupção. Lobbysta com acesso irrestrito na secretaria, funcionários comprados , propina em estacionamento, assassinato e, finalmente, o roubo do livro de habite-se em pleno governo FO/CH.
O que demonstra que os ratos estão lá dentro, ainda soltos. O grande desafio de Edson Kratz (claro que com o irrestrito respaldo do prefeito) é mudar esta liturgia perversa que só prejudica a cidade. E a justiça que faça sua parte tocando a flauta de enquadramento dos ratos.