O início dos anos 60 foram revolucionários do ponto de vista comportamental na conservadora sociedade britânica. Os Stones surgiram em 1963. Os jovens cabeludos começaram a arrebatar uma multidão de jovens e provocar muitos estragos aos padrões estabelecidos. Seus primeiros shows costumeiramente não terminavam. O palco era sempre invadido por jovens enlouquecidos com o som produzido pelos Stones baseado no blues. Os amigos Keith e Mick que se conhecerem num ônibus, mais Brian (para quem não sabe quem criou a banda), Watts e Wymann eram os “agentes” da revolução.
O documentário Charlie is my Darling, de 65, é o primeiro filme dos Stones e retrata a loucura de dois dias numa rápida turneé pela Irlanda. O doc (cujo nome, coincidência ou não, é retirado de uma entrevista onde uma fã diz que Charlie Watts é seu querido por incrível que pareça) mostra como eram os shows invadidos e as reações passivas dos stones como se dissessem façam o que bem entenderem.
Nestas alturas os meninos foram transformados em inimigos públicos número um da sociedade britânica. Era preciso fazer algo. O chefe de polícia Norman Pilcher assumiu o papel de algoz de tudo aquilo que estava surgindo, inclusive a inserção das drogas na cultura da juventude britânica. Os Stones seriam o alvo central porque eram eles que representavam tudo aquilo, afinal os Beatles, ou os Fab Four, seguiam a linha dos garotos certinhos. Até que Keith Richards fez uma festa aos mais chegados na sua casa de campo em Redlands. Uma operação foi desencadeada graças a perseguição do sensacionalista News of the World e Keith, Mick e mais o marchand amigo Robert Fraser foram presos. Era o que precisava para que essa nova geração reagisse. Os dois stones ficaram pouco atrás das grades e graças a repressão do stablishment foram transformados na maior banda – e a mais milionária – de todos os tempos.
Toda a história fundamental para entender o início de tudo está no ótimo livro Encurralados – Os Stones no Banco dos Réus, de Simon Wells. Leitura obrigatória. As fotos que ilustram a matéria são de Michael Cooper, fotógrafo amigo da turma que estava em Redlands na fatídica festinha.