Foto: Carlos Silva/El Ciudadano/Fotos Públicas
O romance noir de José Latour é uma aula de história. Na trama envolvente aspectos da vida dos cubanos que muito incomodam seus dirigentes. Por incomodar com suas escritas é que Latour fixou residência no Canadá em 2004. Logo no início do livro Escondido em Havana, um romance policial que envolve estrangeiros, Pablo ao receber o casal em sua casa foi logo dizendo ironicamente: “Tudo em Cuba é perfeito, o resto do mundo é uma confusão”.
A partir daí cada situação vivida na trama é um aspecto da vida dos cubanos. Como Elisa fala ao ser abordada pela “amiga” estrangeira sobre a possibilidade de ir embora: “A menos que você arrisque a vida atravessando o estreito da Flórida numa jangada ou num barco, o processo de emissão de visto para outro país é complicado. Leva anos e anos. Desde 1994, os EUA operam um sistema de loteria disponibilizando 20 mil vistos. Cerca de um milhão de cubanos já solicitou um visto americano. Há implicações internas também. Os professores, por exemplo, perdem o emprego no momento em que revelam sua intenção de deixar o país permanentemente. Os médicos só recebem permissão para sair cinco anos depois de declararem sua intenção”.
A cada diálogo, um detalhe do modo de vida cubano, como por exemplo a omissão de casos que acontecem na ilha de Castro. O povo cubano não recebe informação que são censuradas. “A teoria era de que a ignorância é uma benção”, afirma Latour, que entre aspas de um personagem decreta: “as únicas pessoas realmente livres neste país são aquelas que podem recusar um convite para um comício político sem dar desculpas”. Ou no diálogo entre dois policiais com um deles gripado dizendo que passou na farmácia: “Não tinham nada, nem mesmo uma aspirina”.