Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/Fotos Públicas
Até a queda de Dilma Roussef, pouco – ou nada – se ouvia falar de Jair Bolsonaro. Quando seu nome era lembrado a relação que se fazia era com a ditadura, aquela malvada. Assim que a cria de Luis Inacio Lula da Silva caiu junto desmoronou o projeto hegemônico do PT de transformar o Brasil em um país assistencialista e com uma classe dirigente ostentando riqueza de causar inveja aos capitalistas. Talvez nas reuniões que construíram o Brasil ideal – para eles – esqueceram de fazer uma singela pergunta: e se tudo for de água abaixo, o que acontecerá?
Tudo foi de água abaixo e, por tabela, criaram a figura de Jair Bolsonaro, figura que encarnou tudo que estava quieto enquanto a economia do país estava estável no governo de Lula. Bolso tem o discurso que todos querem ouvir porque a população está atordoada com tantos desmandos originários dos três poderes, além da insegurança que as leis vigentes no país tem provocado ao cidadão comum. Ele faz e acontece como se tudo dependesse de uma pessoa só.
Marcelo Camargo/Agência Brasil/Fotos Públicas
É uma espécie de candidato a ditador e este tipo de coisa parece não incomodar pessoas esclarecidas e muito mais os incautos, aqueles ignorantes sem estudo suficiente para discernir qualquer coisa que é falada. Então quando se fala que não houve ditadura, não houve ditadura; se Mandela é fdp, Mandela é fdp, se a ONU é comunista, a Onu é comunista porra! Abaixo a ONU! E assim sucessivamente. Tampouco as manifestações homofóbicas, contra a mulher e também os negros são levadas em consideração. O que importa é que Bolsonaro não é corrupto (eles que dizem).
Estamos em plena campanha eleitoral. Os jornalistas, a maior parte deles, no afã de pegar Bolso de calças curtas acabam fazendo interpelações dignas de riso do próprio candidato. É tudo que ele quer responder. O debate comandado por Miriam Leitão foi patético (a jornalista poderia pedir licença por tempo indeterminado depois daquele micão). Aparentemente sem adversário de centro/direita, Bolsonaro segue sozinho sem aliados formais e declarados. A única tentativa com o PR por sorte dele não deu certo. O único fantasma que incomoda a eleição do Bolso é, por ironia, a candidatura do presidiário Luis Inácio Lula da Silva, o cara que o projetou.