Tania Rego/Agência Brasil/Fotos Públicas
Muito já se escreveu, já se falou, já se surfou, já se bostejou a respeito da incineração de parte da história do Brasil transformada em cinzas com o incêndio do Museu Nacional, uma espécie de presente às avessas pelos seus 200 anos completados agora em 2018. De tudo que vi, foi uma frase de autoria da jornalista Katy Watson, da BBC News, que mais me identifiquei: “Não é apenas a história brasileira que está em chamas. Muitos veem isso como uma metáfora para a cidade – e para o país como um todo.”
Na busca pelo culpados (numa tragédia sempre buscam os culpados e todos tiram o corpo fora) muito se falou sobre a Lei Rouanet sendo instrumento de patrocínios de empresas públicas aos apadrinhados do poder enquanto se dava as costas para a memória do país representada pelo Museu Nacional e tantos outros museus em estado de abandono espalhados pelo país. Vi que os diretores da UFRJ são malandros filiados ao PSOL e outras mais diversas inspirações. Não vi nada sobre a decadência do Rio de Janeiro, onde grassa a corrupção e suas metáforas. As joias de Sérgio Cabral e sua querida e estimada Adriana; os milionários cursos de tênis da esposita de Eduardo Cunha; a bilionária obra do Maracanã e muitas outras metáforas que poderia aqui relacionar.
Sim, a metáfora é muito mais carioca. O Rio de Janeiro da Tropa de Choque II, verdadeiro retrato de uma realidade onde os fora da lei são autoridades máximas. O Rio da Janeiro não continua lindo faz muito tempo. É o retrato da falência sem perspectiva alguma na mãos dos que se candidatam para comandar os destinos do Estado. A cidade nem se fala. É governada por Marcelo Crivella, não precisa dizer nada. As pessoas tem livre arbítrio para viver onde bem entender, mas a memória nacional, não. O que ainda resta de patrimônio seria bom que evacuasse logo, antes que mais e mais “entendidos culturais” chorem por novas perdas nas redes sociais.