Waldemar Cezar Neto fala de Omar Tomalih, sobre a licitação revogada e da Câmara de Vereadores, uma “(des)organização que demora 40 dias para comprar uma lata de lixo”.
O Publixer entrevistou o jornalista Waldemar Cezar Neto, o Marzinho, que falou sobre a revogação da licitação na Câmara que economizaria 3,6 milhões dos cofres públicos, da qual ele foi o responsável quando era Diretor do presidente da Câmara Omar Tomalih.
Marzinho permaneceu cinco meses no cargo e diz que Omar é um político medíocre e a Câmara “um terreno infértil” para as boas intenções, porque é uma estrutura viciada onde profissionais são comandados por comissionados com “escasso preparo”. Na sua defesa pela licitação, o jornalista chama Omar de “indivíduo” que “aparece com essa história para justificar seus interesses não republicanos”. Acompanhe a entrevista:
O JP3 publicou que o presidente da Câmara voltou atrás no seu discurso anulando uma licitação que representaria uma economia de 3,6 milhões de reais para os cofres públicos. O sr., como ex-assessor da presidência responsável pelo processo, atribui a que esse recuo?
Ao interesse político do Omar em agradar o grupo de comunicação que detém o contrato que foi renovado.
Foi renovado automaticamente? Que valor?
Eram 997 mil e foi corrigido para em torno de um milhão e 20 ou 30. Não dá para saber o valor exato porque a divulgação dos contratos no portal da transparência está atrasada em quase três meses.
O sr. decidiu que a programação da TV não serve para nada porque não tem audiência? O sr sugeriu as mudanças e recebeu o aval da presidência? Esclareça a situação.
Sim, a TV não tem audiência, é dinheiro posto fora. Em 8 de maio de 2019, terceiro dia que eu estava na função de diretor, entreguei um relatório ao presidente que dizia o seguinte (envia uma imagem – abaixo). O caminho era abandonar a TV e fortalecer a emissora própria de rádio e a internet, através de streaming no portal e redes sociais.
E ele?
Ele concordou e por isso chamou o seu veículo (Publixer) e diversos outros jornalistas a um encontro em minha casa onde anunciou as metas de redução de custos para 2019 e anos seguintes, incluindo a estimativa de R$ 2,7 ou 2,8 milhões de economia na TV Câmara. Conseguimos mais. A licitação nos permitiria economizar 3,6 milhões. Você esteve nesta reunião.
Sim. Em nenhum momento ele ponderou na possibilidade de buscar solução para esta baixa audiência?
Não existe solução para isto. O produto televisivo (vereadores) é ruim. Concorre com as novelas, os noticiários, os canais privados. Só tem acesso à TV Câmara que assina TV a cabo, os demais precisam de internet. O que a nova licitação fez foi eliminar a TV a cabo que ninguém assiste, fortalecendo as sessões ao vivo pela internet e pela própria emissora de rádio legislativo. E por menos da metade do custo. Se chamar 10 profissionais para analisar este cenário sem segundas intenções os 10 concordarão que a solução licitada foi correta.
O que te motivou a sair?
A Câmara de Vereadores é pessimamente administrada. Diversos bons profissionais de carreira são comandados por indicados políticos com escasso preparo. E o Omar me passou a impressão que mudaria este estado de coisas, mas ele é administrativamente e politicamente medíocre.
Qual seu sentimento após este episódio?
Nenhum, salvo a lição de no futuro escolher melhor as parcerias de trabalho. Agora vou conversar com a promotoria para deixar as coisas bem às claras. Não vou aceitar que eles digam que a licitação não atendia a necessidade. Pode não atender a conveniência política do Omar, mas aí ele tem que assumir e não me assediar moralmente.
Se sentiu usado ao aceitar o cargo?
Você escreveu isso outro dia. Não me senti usado. Me senti cansado porque foram cinco meses intensos de trabalho, às vezes eu chegava na Câmara antes das 8h da manhã e agora o indivíduo aparece com essa história para justificar seus interesses não republicanos.
O sr. sempre teve a imagem de independência que ajudou a estabelecer uma marca no jornalismo na cidade e região que é o Jornal Página 3. Na época de seu ingresso, o sr. disse que desejava dar sua contribuição ao poder público. Que avaliação o sr. faz de sua rápida passagem pelo poder público?
E contribui. Adotei no meu departamento o mesmo padrão que adoto na minha empresa e no relacionamento com os meus clientes e fornecedores. O problema é que ali é terreno infértil. O pessoal do meu departamento resumiu bem o problema numa ocasião. Quem manda nesses departamentos são escolhidos pelos vereadores, por isso não funciona e ainda desestimula os servidores que querem trabalhar. Estamos falando de uma (des)organização que demora 40 dias para comprar uma lata de lixo.
2 Comments
Pois …
Em política tem diferença do mundo privado, já caminhei nos dois mundos
No privado não tem cadeira cativa, nao produziu, tá fora
No público o funcionário tem o padrinho e fica nadando de braçada, se não produz tem quem segura as pontas
Então, temos q mudar isso, produtividade tem q ser inserida nos órgãos públicos
Não contribuiu tá fora