O testemunho do político catarinense nas transformações do Brasil.
Quando miúdo costumava frequentar a residência de Jorge Bornhausen a quem tratava de Tio Jorge. Ele morava numa bela casa na Rua Paraíba, em Blumenau onde exercia a profissão de advogado até que seu pai, Irineu, o convocou para ser seu sucessor na política catarinense.
Em Jorge Bornhausen, uma Biografia, escrito por Luiz Gutemberg há muito entre aspas do biografado. Ele conta desde os tempos que seu pai, muito hábil, junto as duas oligarquias catarinenses (Os Konder/Bornhausen e os Ramos) assim que os milicos tomaram o poder. Foi graças ao regime militar que Irineu escolheu Jorge ao invés de seus filhos mais velhos e tarimbados Paulo e Roberto.
A partir de sua nomeação como vice-governador na chapa de Ivo Silveira que Jorge começou sua trajetória na política catarina e federal sendo um dos, senão principal articular, dos liberais nas mudanças políticas que o Brasil experimentou a partir da retirada de cena dos militares, Diretas Já e a Constituição de 1988.
Quando senador e eu já jornalista, lembro que o encontrei na casa de meu tio e aproveitei para entrevistá-lo. Foi a época posterior ao retorno do pluripartidarismo que o ingresso de partidos como PT e PDT no tabuleiro político. A entrevista foi publicada com destaque no Jornal de Santa Catarina e a manchete alusiva aos petistas que Jorge chamava de xiitas.
Jorge, no livro, defende bastante o papel do PFL, para ele um modelo de partido político só comparado ao PT em organização. Dedicou as últimas páginas da biografia monitorada ao PFL, época que o partido ainda existia.