Matéria publicada na Revista Photo Magazine, edição 16, de 2007.
Com sete livros na bagagem e uma infinidade de exposições individuais em diferentes países, o fotógrafo norte-americano Alex Webb se auto define como um fotógrafo de rua. Seu livro mais recente, Istambul: city of a hundred names é resultado de uma série de visitas á cidade, desde 1998, onde observa, com sua Leica, uma cultura em transição.
Webb começou a fotografar em 1974 e dois anos depois já fazia parte da equipe de fotógrafos da Magnum Photos, agência fundada em 1957 por Roberto Capa e Henri Cartier Bresson. Apesar do livro sobre Istambul, o principal “quintal” fotográfico de Webb são as culturas latino-americanas, com livros sobre a fronteira entre o México e Estados Unidos, Haiti e o Rio Amazonas, o único deles que realizou encomendado pela National Geography. “Eles deram total liberdade”, frisa Webb em entrevista concedida durante a PhotoImageBrazil, onde expôs algumas imagens do seu último livro. Quer dizer: Webb produziu o que a National Geography queria, mas, ao mesmo tempo, mostrou todo seu olhar sobre os povos que habitam a região brasileira, peruana e colombiana do Rio Amazonas, num projeto que consumiu cinco meses.
Segundo Webb, ele não projeta nada. Ele é motivado pela curiosidade, explorando os lugares, os hábitos e costumes de um povo. “Conforme vou me aprofundando, o projeto vai mudando”, observa o fotógrafo.
Para o fotógrafo, cada projeto tem uma seqüência emocional diferente É a câmera que mostra para onde ele deve ir. Haiti, por exemplo. Para realizar o livro, Webb viajou 10 vezes até o país, onde encontrou problemas políticos e violência. Suas imagens abrem um diálogo sobre o que acontece. “Não quis mostrar que o Haiti é só pobreza. A vida lá é muito mais do que isso”, afirma Webb. Suas imagens indagadoras pretendem abrir a mente das pessoas sobre o lugar que está fotografando.
Dinossauro – Alex Webb é mais um herói da resistência quando surge aquela batida pergunta: analógico ou digital? “Eu sou dinossauro”, responde, bem humorado, o fotógrafo, embora admita que essa resistência não se prolongará por muito tempo, logo se entregando a nova tecnologia.
O que mais fascina Webb quando fala sobre o analógico é a “textura do filme”. Em seus trabalhos, o fotógrafo costuma utilizar o Kodachrome 200. “Não sei se conseguiria fazer o trabalho senão com o Kodachrome”, finalizou.