A primeira vez que vi ao vivo a banda Ramones foi em 1982. O baterista, Marky Ramone, estava prestes a ser despedido, por motivos de natureza alcoólica. Na segunda vez que vi a banda, Marky estava de volta. Sempre achei o Marky uma espécie de quinto ramone, mas lendo a sua biografia mudei de opinião. Minha Vida como um Ramone é um achado, ainda mais para quem é um fã da banda.
Marky conta tudo. Revela sobre a doença de Joey, o direitista Johnny e o maluco Dee Dee. O leitor fica sabendo que os membros não se bicavam. A Van que os levava por todos os cantos do país era um ninho da discórdia. Marky procurava ser um conciliador, mesmo sem muito êxito. A narrativa é uma delícia e reveladora. Algumas coisas que anotei:
Quando conheceram o The Police, foram esnobados por Sting. Quando saíram da sala, Marky disse a Johnny: “É só um reggae oxigenado”.
“O Swingos é um lugar no qual você se lembra do check in e do check out, mas não lembra do que aconteceu entre os dois”, frase de Ian Hunter, do Mott the Hoople sobre o Swingos Celebrity Inn, em Cleveland. Frase semelhante poderia ser atribuída a outros hotéis que estavam nos roteiros das bandas de rock.
O maior público do Ramones na época foram as 150 mil pessoas no US festival, realizado em 1982, em San Bernardino, na Califórnia. Logo depois disso Marky foi dispensado por causa do álcool, o excesso de…
Richie, substituto de Marky, abandonou a banda no meio de uma turnê. Chamaram então Clem Burke, do Blondie, às pressas. Sim, Burke já foi um Ramone. Seu pseudônimo? Elvis Ramone. Foi quando Marky foi chamado de volta. Nessas alturas ele já estava limpo do álcool.
Stephen king chamou a banda na sua mansão, deu o livro O Cemitério para os rapazes, Dee Dee pegou o exemplar, sumiu por algumas horas e retornou com a música tema do filme Cemitério Maldito, pronta. Detalhe: King era fã da banda, algo que jamais imaginavam.
Sobre o sucesso na América do Sul: “A melhor explicação para nossa popularidade abaixo da linha do Equador talvez fosse a mais simples. Os jovens passavam a maior parte da vida lidando com governos de merda, empregos de merda e lugares de merda. Um show de rock – qualquer show de rock bom- era um alivio curto, mas enorme da realidade e manda um recado barulhento as autoridades”.
O fim da banda já com Joey bem doente, Johnny de saco cheio e Dee Dee já fora foi programado com o álbum Adios Amigos. Foi na última tour pela América do Sul que a banda reuniu 60 mil pessoas no estádio do River Plate. Em 2003 foi inaugurado o Joey Ramone Place na esquina da Bowery com East Second Street, perto do CBGB, em Manhattan.
Hey Ho! Let´s go, Ramones!