Matéria publicada na edição 14 da Revista Photo Magazine
Pode-se afirmar que o alemão Theodor Preising viveu intensamente até falecer em 1962. Nascido em Hildesheim, no ano de 1883, Preising fotografou a I Guerra Mundial no front de combate e chegou ao Brasil em 1923 para iniciar uma maratona fotográfica que resultou num acervo de 14.643 imagens que contam boa parte da história de algumas importantes cidades brasileiras.
Imagens de São Paulo, Rio de Janeiro e mais um sem número de cidades espalhadas pelo país registram cenários que nos remetem a uma viagem no tempo. Os bondes na Avenida São João, Joinville, o dirigível Hindenburg com a suástica estampada na sua cauda sobrevoando São Paulo; os carros equipados com gasogênio no Parque Anhangabaú são algumas das pérolas do acervo que cobre o Brasil especialmente nas décadas de 20, 30 e 40.
Theodor Preising conciliava sua atividade de comerciante com o de fotógrafo. Assim que chegou no Brasdil, isso em 1923, montou um estande no Grande Hotel, no Guarujá, onde comercializava câmeras Zeiss Ikon, Agfa e, também postais. Um ano depois, já em São Paulo, monta um laboratório para produzir cartões postais de imagens clicadas por ele mesmo.
Para produzir as imagens, Preising utilizava pesadíssimas câmeras de grande formato (tipo caixão com fole). Para deslocar esse equipamento todo, valia-se de assistentes. As imagens eram obtidas em chapas de vidro 18x24cms e 13x18cms em aparelhos poucos conhecidos nos dias de hoje: Goertz, Menteor Reflex, Graflex e Lhagee.
A produção de postais enfocando mais as áreas urbanas se estenderam até o início da 2 Guerra Mundial, quando os estrangeiros pertencentes ao eixo residentes no Brasil, especialmente os alemães, passaram a não ter vida boa. Sendo assim, Preising foi proibido a fotografar externamente as cidades, dedicando-se a registrar o cotidiano do interior dos estados, como o garimpo no interior de Minas Gerais e as culturas de café, cana de açúcar e algodão.
Já com um considerável acervo de imagens de diversas regiões do país, o alemão Preising ingressa no Departamento Estadual de Informações, aposentando-se no serviço de documentação da reitoria da USP – Universidade de São Paulo. Naturalizou brasileiro em 1941 e faleceu aos 79 anos, em 1962.
Buscando manter viva a memória das imagens produzidas por Theodor Preising, seu bisneto Douglas Aptekmann – responsável pela conservação do acervo e detentor dos direitos autorais das imagens – realiza um trabalho de comercialização para decoração de restaurantes, bares, banco, etc. São produzidos desde quadros até painéis em vários materiais como fórmica, lona, adesivo, tecido, mdf, vidro, azulejo, fibra de vidro. Todas as imagens são sempre escaneadas do negativo original e acompanham um certificado de autenticidade assinada por Aptekmann. Todo esse trabalho, parte da renda é destinada ao acervo para a compra de materiais de conservação e equipamentos.
Um livro só com imagens de Preising? Nada feito. Segundo Aptekmann “em nosso país não há lei que se cumpra proteção de imagens”. Ele justifica citando alguns livros com imagens de Theodor que, hoje, tem uma serie de piratarias em feiras de antiguidades, nas paredes de lugares. “São cópias mal feitas e que muitas pessoas compram pelo valor do produto e não estão nem ai com a qualidade. É uma concorrência desleal”, afirma Aptekmann. Para quem tiver interesse nas imagens de Preising pode entrar em contato pelo e-mail douglasaptekmann@yahoo.com.br