Evandro Teixeira é um apaixonado. Fotógrafo do Jornal do Brasil, no auge do JB, Evandro bem que poderia estar descansando só curtindo o seu rico acervo de imagens em 50 anos de fotojornalismo. Mas, não. Onde é chamado, ele está lá. Como no BC Foto Festival onde realizou oficina e palestra. Evandro desfilou no telão muitas fotos comentando uma por uma. Ele já fotografou de tudo: tempos de ferro das ditaduras brasileira e chilena, as loucuras de Jim Jones na Guiana (umas das piores experiências na sua carreira, segundo ele próprio), muitos papas, olimpíadas (muitas), copas do mundo (idem), enfim as mais diversificadas pautas.
Perguntei a ele de tantos temas que fotografou se teria um de sua preferência. Evandro respondeu que não. Ele procura a foto seja qual for a pauta. Ele ilustrou essa busca em um episódio. Evandro foi convocado a ir para Paris fazer a cobertura de um evento de moda. Chegou lá, no credenciamento, o Jornal do Brasil não constava da lista. A madame, dona do evento, irredutível, disse que não tinha jeito por mais que Evandro argumentasse. Como todo bom jornalista, ele não desistiu. Deu um jeito de fotografar a credencial de um outro jornalista, reproduziu, colou uma fotinho sua e lá foi ele pro evento. Conseguiu entrar e, com um olho no peixe e outro no gato, começou a fotografar. Não demorou muito para a madame reconhecê-lo e chamá-lo. Muita lábia depois, a madame liberou uma credencial para Evandro que logo no retorno para o Brasil enviou um envelope de fotos de sua produção a madame, conquistando-a de uma vez por todas. Ganhou credencial permanente.
A foto que ilustra o post é uma das mais impressionantes de seu acervo. Ele chama de A Mão de Deus. O fotojornalista tem frações de segundo para decidir a foto. E esta é especial.