Quando cuidei de meu pai pensei em registrar em livro todas as situações vividas com ele já sem memória, vivendo só o momento e as devidas implicações de ter um membro da família caduco, mas protelei para não sofrer mais do que sofri durante os últimos anos de vida dele. Até que surgiu Meu Pai, filme com Anthony Hopkins. Um filme que queria assistir e assisti horas antes de Anthony Hopkins ser consagrado pelo Oscar.
O drama de Anne, a filha, foi mais ou menos o meu e da família que conviveu com ele sob o mesmo teto. O detalhe do relógio que sempre esquecia onde tinha colocado e sempre achava um culpado pelo “roubo”. O sentimento de posse da casa, as brincadeiras, a sensação de estar convivendo com uma criança teimosa, a obsessão por um certo tipo de comida. O maldito esquecimento. Tudo bateu e o choro inevitável.
Foi duro assistir, mas fazia questão de fazê-lo. Valeu. Lembrei do véio e fui contemplado com uma bela atuação de sir Hopkins.