Primeiro dia
Entramos em território argentino de carro. Puerto Iguazu. Fiquei preocupado que não pudesse entrar já que se presume um país fechado. Surpresa! Só preenchi uma ficha. Deve ser pro SNI deles! Hehe.
Fomos direto para o aeroporto, afinal ir para a Argentina de avião saindo de território brasileiro, sem chance. Voamos para Buenos Aires, mais ou menos 180 reais por cabeça. Não pode ser. Converte esse dinheiro direito. 180 reais. Voo lotado, sim lotado.
Descemos no Aeroparque, aeroporto bem central. Meodeos! Lotado! Que comunismo esquisito esse.
Pegamos um táxi com o Fabian. Caraio que bicho louco no trânsito. Mas deu tudo certo. Abre parênteses: Uber na Argentina é mais caro que os táxis que, diante da ameaça, ficaram mais fortes.
Paramos num Western Union para comprar peso e seguimos para o Peron Resto Bar. Como ir a Buenos Aires e não visitar nada temático a Domingos e Evita Peron? (veja o ensaio que fiz publicado no Publixer).
De lá seguimos, caminhando, até a Livraria Ateneo (foto), a segunda maior da América (como todos sabem, tudo na Argentina é maior do mundo). Que loucura de lugar. Um teatro desativado recheado de livros e… gente consumindo, que coisa mais linda (em volta do Ateneo, muitas livrarias na Avenida Santa Fé, que invejinha). Como assim, gente consumindo!! Não pode! Como não sair de lá com um livro? Paguei caro pelo livro Medo, Trump na Casa Branca, de Bob Woodward, o mesmo jornalista que escreveu Todos os Homens do Presidente que resultou na queda de Richard Nixon da presidência dos EUA.
Segundo dia
Acordamos já em Mendoza, no pé da Cordilheira dos Andes. Pensa numa cidade charmosa. Ruas largas, todas arborizadas e canaletas a céu aberto para absorver o degelo da cordilheira, cidade irrigada, pouquíssimos prédios e um parque gigantesco, o maior da América Latina. E pensar que essa cidade foi toda pensada e urbanizada na virada do século XIX para o XX. O portão de entrada do parque, chiquérrimo, veio especialmente da França, país do arquiteto que concebeu a urbanização com os políticos da época.
Passamos pela Avenida Aristides (foto), de dia dá preguiça de tão calma. A noite agitada com os restaurante e bares, lotados! Mais consumismo? Devem ser turistas. Mendoza, para quem não sabe, é conhecida pelas suas vinícolas. Como não bebo vinho, pouco me importei com esse detalhe.
Depois de uma volta pelo centro fomos para o Estádio Aconcagua onde aconteceria o Premier Padel, uma das etapas do mundial, uma estrutura gigantesca que fica dentro do parque. Fila de dobrar o quarteirão. Mais consumismo? Ué, onde anda o comunismo. Nada é de graça. Tudo pago, viu?
Abro outro parênteses aqui: faixa de pedestre na Argentina é peça de decoração urbana. Ninguém respeita.
Terceira dia
Cafesão na Aristides a um preço ridículo e seguimos para ver padel. Mais de 11 mil pessoas. Eita nós!
Quarta dia
Retornamos para Buenos Aires domingo pela manhã. Terceiro voo a preços ridículos e… lotados. Chegamos, o Fabian nos aguardava. Mais emoção nos aguardava. Deu tudo certo.
Fomos almoçar no Don Júlio (foto), um dos mais chiques da Argentina, a um preço ridículos se comparado ao praticado pelos restaurante da Avenida Atlântica. Como a foto sugere: fila de espera! Eita comunismo danado esse.
Todos para o apartamento alugado fazer a digestão eu fui caminhar em busca da expo de Banksy. Tinha visto um outdoor gigante e fui lá conferir. A expo começa em setembro para minha decepção e mais um detalhe: ingressos esgotados nos sete primeiros dias, algo impensável para a Argentina comunista dos bolsonaristas.
De lá fomos para Avellaneda, estádio do Racing. Antes demos um pulo até as imediações de Ricoleta, o cemitério. No caminho, as praças todas tomadas de gente e, incrível, o cemitério é cercado de barzinhos, todos lotados. Gente esquisita os portenhos. Lembrou meus tempos de dark.
Jogo com torcida única contra o Boca. 60 mil pessoas, mo querido!! Todos pagando ingresso, o governo não distribuiu ingressos, viu?
Último dia
Fabian nos aguarda as 4hs30 da matina para seguirmos em direção a Ezeiza de onde sairia o voo para Puerto Iguazu. Dessa vez Fabian estava pianinho, porque tivemos o reforço da Dona Nídia.
Chegamos bem cedo. Não havia amanhecido ainda e no embarque doméstico, o que vimos? Gente, muita gente viajando de avião. É o melhor comunismo do mundo!
Brincadeiras a parte, criei essa narrativa para esvaziar esse discurso estúpido que a Argentina caminha para o comunismo. A Argentina vive uma crise braba como viveu na época da ditadura militar (quando os argentinos invadiram BC já que era mais barato viver aqui do que lá), quando De La Rua assumiu, Alfonsin, Macri, enfim, como diz o taxista que pegamos em Mendoza “viver na merda está no DNA do argentino”, o resto é desonestidade intelectual de bolsonaristas formadores de opinião de seus rebanhos.
Encerro o diário agradecendo a companhia do Gastón, da Lilian e da Ana. Foi tudo muito bom.