Rosângela, a Janja, é Silva desde que nasceu. Incorporou o Lula no nome depois que casou com o presidente eleito – e diplomado. Ela exerce uma incrível ascensão sobre Lula com participação de liderança no período de transição, inclusive influenciando na escolha de Margareth Menezes para o cargo de Ministro da Cultura (sim, voltará a ter status de ministério).
Na história recente nenhuma primeira dama se envolveu tanto quanto Janja, isso mesmo sem Lula ter sido empossado ainda. Talvez Ruth Cardoso tenha se comportado como uma primeira dama que não fosse apenas uma esposa de presidente, mas, de comportamento discreto, atuava longe dos holofotes, bem ao contrário de Janja que gosta de estar no centro das atenções.
Janja lembra um pouco, só um pouco duas personagens da história política argentina. São elas Eva e Maria Estela, a Isabelita, as duas de sobrenome Perón. Eva, ou Evita, um pouco mais nova que Juan Domingo talvez tenha sido maior que ele por seu envolvimento nas causas sociais com os chamados “descamisados” (espero não esteja cometendo nenhuma heresia aos olhos dos peronistas).
Eva morreu cedo, aos 33 anos, de câncer. Então Juan Domingo, já exilado no Panamá, conhece Isabelita, essa sim muito mais nova que ele, mas importante instrumento de retorno de Perón para a Argentina. Não foi por menos que Isabelita foi eleita vice-presidente na chapa de Juan Domingo que um ano depois de eleito morreu. Isabelita assumiu e foi golpeada pelos militares sob o comando do General Rafael Videla em 1976.
A ascensão de Janja sobre Lula teria uma herança política? Pelo seu comportamento até aqui tenho a impressão que sim, mas só o tempo dirá se a esposa de Lula é energética o suficiente para criar asas e voar.