O livro do historiador midiático e candidato a político malsucedido, Marco Antônio Villa, serve mesmo para refrescar a memória sobre personagens da República que hoje se apropriam da retórica moralista/honesta. Também serve para relembrar situações políticas que a memória seletiva das pessoas faz questão de esquecer para criar neo narrativas especialmente políticos da direita apoiadores do governo. Mas, Villa foi muito infeliz, como historiador, ao carregar nos adjetivos nada acadêmicos a análise sobre um período histórico da política brasileira.
O período de Lula no poder foi basicamente de instabilidade política repleta de CPIs e escândalos (o maior deles o mensalão) e, em contrapartida, um tempo de estabilidade econômica, cenário capaz de manter o PT no poder com três reeleições, incluindo-se a eleição de Dilma e sua reeleição prematuramente encerrada por motivos políticos num panorama econômico já de crise.
Quem lê Década Perdida certamente reagirá com um quem te viu quem te vê para o autor hoje um crítico de Jair Bolsonaro e um “passador de pano” ao terceiro governo de Lula. Para quem lê praticamente 10 anos depois de lançado fica com a sensação de que Villa escreveu este livro com o fígado.