Me desculpe minha querida Fanny por ter me acovardado e me afastado de sua presença no período mais cruel da vida que é a velhice. Fui visita-la há cinco anos. Me partiu o coração e me acovardei em não retornar. Meu sentimento é de culpa, porque recordo de meu pai que, na velhice, deixou de ser paparicado pelos amigos.
Agora há pouco a Marlise chamou no Whats para dizer que a mi querida Fanny Marotz nos deixou aos 84 anos, sozinha numa instituição para idosos. Logo me veio a lembrança dos ótimos tempos em que ela e o Gerd tinham a pousada no Estaleiro, nossos jogos de carta (foi ela quem nos ensinou a jogar crapot – ou crapô); a hospitalidade que recebia a todos, sempre disposta a colocar a pousada a disposição para os roqueiros que vinham a BC se apresentar nos tempos da Syndrome e do Mercorock e tantas outras afinidades que nos aproximava.
Jornalista, intelectual, argentina com muitos anos de Europa, Fanny nos ajudou a traduzir os textos para o espanhol quando o Página 3 lançou a versão do jornal para a gringalhada que invadiu BC poder ler. Estava sempre na redação do Página 3, muito doce, amável nas palavras e nos momentos de incentivo e motivação a nós que teimamos em fazer jornal numa província como BC.
Você está melhor do que nós Fannyquita. Um grande beijo mi querida (o jeitão que ela me chamava, mi querido).
A foto é o último registro da Fanny na visita que o Celsinho Peixoto e a Nina fizeram a ela.