O livro de Walter Kirn não é daqueles que prendem sua atenção. Não oferece a sensação de quero mais, mas é palatável mais pela capacidade de escrita do autor que registra algumas observações verdadeiras sem que a frase esteja necessariamente no enredo.
Kirn já começa instigando na frase avulsa de Scott Fitzgerald que referencia o livro: “Um escritor que não está escrevendo é, na prática, um maníaco encerrado em si mesmo”.
E durante a narrativa sobre sua relação com o estelionatário e assassino que se fez passar por um Rockfeller o autor crava algumas pérolas. Como por exemplo quando ele cita seu primeiro contato com o falso milionário se ele sabia ser Kirn um escritor. “O escritor transforma a própria vida em material de trabalho e, se você faz parte da vida dele, ele vai usar a sua vida também”.
Refletindo sobre o caráter dominador de Clark (Rockfeller): “Escritores existem para explorar figuras como aquela, e não para salvá-las. Nosso dever é para com a página, e não para com a pessoa”.
O fim de Clark todos podem imaginar, como o leitor já imagina desde que começa a ler “a verdadeira história do homem que fingiu ser um Rockfeller”.