Lembro perfeitamente da morte de Bob Marley. Tinha 20 anos de idade e a percepção que Bob Marley fosse uma entidade que nunca morreria por ser um poeta da paz, do amor e da igualdade social. Os noticiários de TV deram amplo destaque ao cortejo fúnebre do cantor em Kingstown com milhares de pessoas nas ruas chorando a perda do ídolo.
Praticamente 42 anos depois de sua morte está em cartaz One Love, filme biográfico de Bob Marley. As novas gerações pouco conhecem a figura do jamaicano e, tampouco, a abrangência de sua mensagem. Para os contemporâneos dos dias atuais, Marley é um tapa na cara da onda de ódio que assola o mundo de leste a oeste, de norte a sul. Ele dizia que os governos são ilegais. Ilegais no sentido de ilegítimos, porque quem detém o poder decide o destino dos povos partindo de interesses privados e escusos.
Vemos Putin declarando guerra contra a Ucrânia; vemos Netanyahu na sua ofensiva genocida sob o pretexto de defesa ao terrorismo, vemos tantos senhores da guerra promovendo conflitos e matando civis inocentes em nome de interesses estratégicos esticando a corda do ódio. Cada um cultiva o seu holocausto.
O filme mostra algumas passagens já conhecidas da história. De sua importância na divulgação mundial do reggae conquistando os públicos dos EUA e Europa até o show de conciliação entre os poderosos de sua Jamaica vivendo na prática uma guerra civil, passando pelo drama do seu câncer que lhe tirou a vida aos 36 anos.
E uma trilha deliciosa, clássicos de Bob Marley inesquecíveis que dá vontade de cantar em plena sala de cinema. Belo filme que serve para apresentar as novas gerações a obra do jamaicano.