Mais de 710 mil imigrantes entraram na União Europeia (UE) nos primeiros nove meses deste ano, contra um total de 282 mil em todo o ano passado, anunciou hoje a Frontex, a agência europeia de gestão de fronteiras. Em comunicado, a Frontex informa que as ilhas gregas no Mar Egeu, especialmente Lesbos, continuam sendo as mais afetadas pelo fluxo migratório, tendo recebido entre janeiro e setembro cerca de 350 mil imigrantes. A Síria permanece como o principal país de origem dos imigrantes. Conforme números da UNHCR, em 2014, a Europa representou 8,3 dos refugiados internacionais, muito abaixo dos 39,9% representado pelos países do grande Oriente Médio.
A chegada em massa de imigrantes às ilhas gregas, observa a agência, continua também tendo um impacto direto na rota dos Balcãs Ocidentais. A Hungria reporta mais de 204 mil detenções na fronteira, um número 13 vezes superior ao mesmo período de 2014.
A agência aponta que em setembro foi detectada nas fronteiras externas da UE a chegada de 170 mil pessoas, contra 190 mil em agosto, explicando a Frontex que uma crescente carência de barcos na Líbia e o agravamento das condições meteorológicas fizeram com que o número de imigrantes que chegaram à Itália tenha caído para metade em setembro, para 12 mil, comparativamente a agosto.
A Frontex insiste que “é necessária assistência de emergência, sobretudo para Grécia e Itália, para ajudar a registar e identificar os recém-chegados”. “No início do mês, solicitei aos países da UE que disponibilizem à Frontex mais guardas fronteiriços que possam assistir esses dois países na lida com esse fluxo migratório sem precedentes. Espero que recebamos contribuições adequados, que demonstrem o verdadeiro espírito de solidariedade europeia”, declarou o diretor executivo da agência, Fabrice Leggeri.
ONU e Banco Mundial prometem apoio financeiro ao Oriente Médio
A Organização das Nações Unidas (ONU) e o Banco Mundial (Bird) anunciaram hoje (10), em Lima, Peru, apoio financeiro aos países do Oriente Médio e do Magrebe (Noroeste da África), desestabilizados pelo afluxo de refugiados, em particular, provenientes da Síria.
“É nossa responsabilidade coletiva apoiar a região do Oriente Médio neste momento crítico, e isso requer importantes recursos, superiores àqueles que os países e organizações podem fornecer por si próprios”, afirmou em comunicado o presidente do Bird, Jim Yong Kim.
A iniciativa prevê que os países doadores forneçam, de início, garantias sobre empréstimos, que deverão permitir aos países da região levantar o dinheiro nos mercados “para financiar a retomada econômica e os projetos de reconstrução”, explica o comunicado conjunto.
Os donativos serão desbloqueados pela “comunidade internacional” para o empréstimo de fundos a taxa zero, direcionados aos países que acolhem “a maioria dos refugiados” na região, segundo o comunicado que, no entanto, não precisa os montantes em jogo nem os países abrangidos.
“É importante que o Banco Mundial, enquanto parceiro da ONU, e outras instituições, trabalhe em conjunto e invista nos estados atingidos pelos conflitos”, declarou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Diversos países da região, incluindo Jordânia e Líbano, apelaram esta semana ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para conceder empréstimos com taxa de juro baixa, designadamente para acelerar um apoio “mais rápido e apropriado da comunidade internacional”. (AB/Agência Lusa)
Foto: Anna Zehetner/IFRC (Arquivo)/Fotos Públicas