Dalton Trumbo, pouca gente conhece o cara a não ser que seja um cinéfilo “inveterado”. Ele foi roteirista na indústria da sétima arte de Hollywood. Tipo do crédito que quem gosta de cinema dá pouco ou quase valor nenhum, mas é ele tão importante quanto o diretor, talvez até mais importante porque um roteiro ruim o diretor terá que ser um milagreiro para transformar em bom o produto final. Pois Trumbo não é um roteirista qualquer. Ele foi um dos perseguidos pela patriotada norte americana logo após o fim da II Guerra Mundial. Trumbo era filiado ao Partido Comunista.
Trumbo, o original, na sua banheira inspiradora
Sobre o comunismo: “Foi uma fase que começou com a Depressão e o colapso total da economia americana, com catorze milhões de desempregados, e logo se espalhou pelo mundo inteiro. Era um mundo que tinha o fascismo na Alemanha, na Espanha e na Itália, uma época que culminou nos anos de 1940 com uma guerra que matou entre cinquenta e cem milhões de pessoas (…) em um cenário como esse, não era loucura ter a esperança de criar um mundo melhor. Para mim, era isso que queria a maioria dos que entravam – no PC”. O depoimento é do próprio Trumbo para o jornalista Bruce Cook, autor da biografia do roteirista. Sobre Trumbo e seus companheiros acusados de comunistas, Cook escreveu serem comunistas peculiarmente americanos: materialistas, liberais, ambiciosos e que não rasgavam dinheiro. Trumbo até que desprezava o dinheiro. Ganhava bastante mesmo nos tempos da lista negra e gastava na mesma proporção.
Trumbo fez parte dos 10 de Hollywood, presos por desacato ao Congresso nacional que caçava bruxas no pós Guerra – durante a guerra não porque estavam todos juntos contra a ameaça nazista. Já fora da prisão sofreram toda espécie de perseguição pelas majors do cinema. Trumbo passou a trabalhar na clandestinidade para produtores independentes. Seu talento rendeu um Oscar para o filme Arenas Sangrentas que foi para Robert Rich, um roteirista fictício. Seu talento superou a todas as resistências quando seu nome foi creditado, finalmente, no filme Spartacus, dirigido por Stanley Kubrick, isso já no início dos anos 60. Um de seus mais famosos e improvisados roteiros (ele era rápido e costumava ser chamado para dar um jeito em roteiros tortos) foi Papillon. Ele adaptou todo o roteiro original enquanto o filme já estava sendo rodado na Jamaica, período que já estava com o seu pulmão deteriorado d tanto fumar.
Trumbo foi biografado no início dos anos 70. Em 75 recebeu a réplica de um Oscar pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas por Arenas Sangrentas. Faleceu em 1976. Em 2016 foi lançado o filme Trumbo (baseado na biografia) com o ator Bryan Cranston (foto de abertura) fazendo o papel do roteirista.