A ilha de Cuba é motivo de manifestações de amor e ódio desde a Revolução Socialista. Aos detratores não importa o que era Cuba antes de Fidel Castro e companhia, se soubessem talvez saberiam porque a maioria do povo cubano não migra para Miami. Mas isso é outro assunto que rende um livro. Acabo de assistir o documentário Cuba e o Cameraman, um retrato exato dos aspectos sociais e econômicos de Cuba no período de 1974 a 2016, data da morte de Fidel Castro, pelo olhar do jornalista norte-americano Jon Alpert.
Alpert ficou curioso com o que estava acontecendo em Cuba, como ele mesmo diz o que acontece lá que não temos aqui. Tempos de uma Nova York falida, entregue aos mafiosos, os mesmos que comandavam a ilha de Cuba com seus cassinos. Decidiu então viajar para a ilha equipado com um pesadíssimo equipamento de vídeo que ele costumava levar em um carrinho de bebês, daqueles antigões.
Foi esse aparato que chamou a atenção de Fidel em um evento. Ele se aproximou de Alpert. Foi sua primeira entrevista numa situação bem inusitada. Alpert ganhou a simpatia do comandante ao ponto de acompanha-lo no avião oficial quando da viagem a Nova York para o histórico discurso de Fidel na ONU, em 1979.
A partir de então, o jornalista passou a visitar Cuba de tempos em tempos procurando acompanhar a vida de três famílias. Um típico cubano “contraventor” vivendo do mercado negro; uma jovem que casa e migra para Miami e, o mais apaixonante, os três irmãos Borrego (foto acima no primeiro contato de Jon), idosos que viviam no campo, os “farmers” do jeito cubano se virando para sobreviver sempre com um sorriso no rosto. A situação social e econômica de Cuba foi retratada por Alpert sob o ponto de vista desses personagens. Como na queda do muro de Berlim que quebrou Cuba, mas nem por isso seu povo deixou de sorrir. Ou mesmo mais tarde quando o governo apelou para o turismo na tentativa de se reerguer, mas que obrigou profissionais especializados a se virar como comerciantes de bugigangas.
Emocionante foi ver a evolução dos três irmãos, dos 70 aos 90 anos de idade. Um deles costumava fazer braço de ferro e sempre vencia Alpert. Na última visita os três já não estavam mais lá, somente a irmã com quem disputou um braço de ferro (foto acima). Quanto a Fidel, ele conseguiu um último encontro (foto abaixo) no mesmo ano de sua morte, uma celebração de amor ao grande comandante, onde aqui na periferia intelectual do ódio ideológico bostejaram que aquela multidão foi as ruas obrigada.
Enfim, não tem como não se emocionar com este documentário disponível no Netflix.