O novo prefeito de São Paulo João Dória não cansa de criar fatos. O mais novo deles é considerar a arte urbana sujeira. Fantasiado de camiseta de “sua” Cidade Limpa, o almofada prefeito da capital paulista posa em frente de muros cinzas onde antes estavam estampados lindos e coloridos grafites. Seus muros cinzas poderão gerar o efeito contrário, ou seja, o provável surgimento de pichações (isso sim, sujeira) do tipo “Fora Dória”.
Dória é da geração “carpet”, legítimo representante da elite. Para a elite, a arte é manifestada em museus e nas paredes de suas casas e apartamentos, onde nomes consagrados e valorizados são contemplados pelos seus gostos. É exclusivista e totalmente desconectado da arte urbana que vem sendo cada vez mais reconhecida no universo da arte mundo afora. O Brasil tem Kobra, um dos mais valorizados artistas plástico de rua, cobiçado por muitas metrópoles europeias e norte-americanas. Perde São Paulo com o conceito de arte imposto pelo prefeito onde a arte urbana é cinza.
Belos painéis chamam atenção de turistas que costumam registrar nos seus celulares e compartilharem. Propaganda espontânea faz bem para a cidade que pretende receber turistas. Imagens como estas que ilustram o post não interessam a Dória.
Fotos: Unsplash.com/Chris Barbalis/Sidney Perry