Basta acessar a sala da Caixa Cultural, da Se, em São Paulo para dar de cara com o chocante das imagens do fotógrafo sueco Anders Petersen e do dinamarquês Jacob Aue Sobol, expostas em fotografias de considerável dimensão, todas em preto e branco, poderosas.
Engana-se quem achar que Veias é uma mostra dos dois fotógrafos escandinavos. O que eles têm em comum é a narrativa documental. Só. As imagens foram registradas em tempos e sets diferentes, longínquos, até. Aos acompanhar as 160 fotografias expostas a sensação que fica é a de que um trabalho completa o outro.
A documentação imagética foca o marginal, o não convencional estabelecido pela sociedade, sem censuras. Os dois fotógrafos não se intimidam ao mostrar a realidade nua e crua do periférico.
As imagens impressionam com retratos em preto e branco de personagens distantes do padrão de beleza. A luz das imagens aliada ao contrastes fortes das cores parece saltar do enquadramento. As veias saltam, as expressões explodem em composições, por vezes, nos extremos da intimidade. O mérito dos dois fotógrafos é o de não friamente documentar uma realidade, como comenta o próprio Petersen. “Eu não posso descrever a realidade; no máximo posso tentar capturar coisas que parecem ser válidas, da maneira em que eu as vejo”.
A título de informação e de referência do trabalho de Petersen, ele é autor da imagem de capa do álbum Rain Dogs, de Tom Waits.
A mostra Veias que já passou pela Letônia, Rússia e China está em cartaz na Caixa Cultural, em São Paulo até dia 8 de maio. Vale a milhagem. As fotos são reproduções.