Gramado poderia ser uma cidade de montanha com vocação turística comum se ela não fosse o próprio produto. Políticos e comerciantes sentiram que não viveriam de pedalinhos do Lago Negro, Festival de Cinema e Caracol (que é em Canela) para o resto da vida. Precisavam dar um trato na própria cidade transformando-a no próprio produto. Criaram então uma cidade de boneca, tomada de réplicas, desde a arquitetura até os museus que pipocam entre Gramado e Canela.
Certamente houve incentivo (imagino até obrigação) de se construir casas e prédios que lembram a arquitetura bávara e suissa. Há restrição de altura. No máximo quatro andares aproveitando o que podemos chamar de piso/telhado, ou seja, o uso dos telhados característicos como pavimento. A cidade é toda bonitinha, arrumadinha, limpinha. Flores por todas as partes. Não se vê brigadeiros nas ruas. Tampouco pedintes. Parece uma cidade de boneca. E, alô Balneário Camboriú!, com a aprovação congelada de projetos por puro planejamento.
No rastro da réplica arquitetônico proliferaram museus e parques de réplica e não réplicas. É museu de cera, de carro moderno e velho, da história do trem, do chocolate (é claro), da moda e até do Beatles, anunciado como o primeiro do Brasil. E todos que vão para Gramado consomem de tudo sabendo que muitas atrações são bem caras. A gastronomia é salgada e a hotelaria pra todos os níveis. Faz parte do show de um case turístico que deu certo. Foi a população e políticos de visão que construíram esse cenário de faz de contas.