Praticantes que testemunharam ao vivo comentam sobre o evento
A semana que passou foi histórica para o padel do Brasil e seus aficionados com a realização da inédita etapa do WPT, no Morumbi, em São Paulo. O evento atraiu muitos praticantes aqui de BC e região. Repercuti com alguns deles como foi a experiência, dois deles que estiveram nas quadras do ginásio do Morumbi, Stefano Flores e Matheus Simonato.
Agustín Tapia
O jovem de Catamarca, 20 anos, foi o mais citado quando perguntei sobre o jogador que mais impressiona. “Um guri versátil, agressivo, rápido com uma capacidade de solução incrível. Em situações difíceis ele pensa muito rápido”, avalia o número 1 do Brasil Stefano Flores que atuou na etapa em São Paulo.
A mesma opinião tem Matheus Simonato, revés da dupla número 2 do Brasil que na etapa atuou ao lado de Francisco “Chiquinho” Gomes. “É incrível a explosão e velocidade que ele tem em quadra”. Está de acordo o professor Rodrigo Valente que elegeu Tapia pela “velocidade, antecipação e raciocínio para resolver as bolas mais difíceis”.
Uri Botello e Javi Ruiz
Quem imaginaria que a 11a dupla do ranking seria finalista da etapa? Poucos, não é? Pois os dois espanhóis surpreenderam. Vinícius Simonato, padelista fominha de BC, elegeu Ruiz o cara do torneio: “Extremamente sólido e eficiente”. Já Fabiano Guerra, o Guerrinha, patrimônio do padel e aprendiz de Marcel Huss, gostou do parceiro de Ruiz, o drive clássico Uri Botello.
Lebron e Paquito
A dupla campeã Juan Lebron e Francisco “Paquito” Navarro e agora número 1 não poderia deixar de ser exaltada. O revés segunda alta (ou primeira baixa) Kim Canellas viu em Lebron o melhor. Charles Chaves, dinossauro do padel, elegeu Paquito o melhor.
Fernando Belasteguin
O ex-número 1 do mundo (atual sétimo) é do tipo quem é rei não perde a majestade. Com 40 anos de idade, Bela é aquele jogador completo, carregado de experiência e esbanja categoria. Lenon Flain, outro jogador segunda alta e primeira baixa, considera Bela um fenômeno “tático, técnico, inteligente”.
As duplas ideais
Rodrigo Valente: Uri Botelho e Javi Ruiz
Vinicius Simonato: Sanyo Gutierrez e Lebron. “Daria um equilíbrio legal essa dupla”.
Stefano Flores: Tapia “com o Pablito ou com o Mati Diaz”.
Matheus Simonato: Tapia e Pablito. “É difícil, tem uns oito, 10 jogadores ali num nível muito alto”.
Kim Canellas: Tapia e Lebron.
Fabiano Guerra: Lebron e Paquito.
Lenon Flain: “Queria ver Sanyo Gutierrez e Stupa jogando juntos”.
Charles Chaves: Paquito e Lebron
Impressão do editor
Eu acompanhei de camarote, desde casa, assistindo a transmissão oficial do evento, a produção nacional pela RG Padel, Thelus e até um vídeo clandestino. E o que mais impressionou, além dos jogadores, foi a forma de jogar das duplas Belasteguin/Tapia e Paquito/Lebron onde não existem as figuras do revés e drive fixos. Percebo neste novo comportamento tático de jogo uma evolução que exigirá mais dos jogadores de padel.
Trocando ideia com Mateus Simonato, ele também percebe este posicionamento de acordo com a jogada ou a dupla adversária. “Tem várias duplas com jogadores só de esquerda e aí estão se misturando na quadra. Tá ficando muito difícil ter um jogador que só passa a bola que era praticamente a função de um jogador de direita”.
Sobre jogadores, a maioria deles não tinha visto jogar, alguns sequer sabia da existência como Javi Ruiz. Me desculpe Botello, mas foi Ruiz o grande responsável pela dupla surpreender numa inédita final reunindo quatro espanhóis. Paquito Navarro está no auge da carreira e dois jovens me encheram os olhos de tanto talento, velocidade e reflexo, algo que o padel profissional de alta performance exige muito. São eles Juan Lebron e Alejandro Galan, parceiro do brasileiro Pablo Lima. Mas, para demonstrar que não entendo nada, contrariei a maioria de quem sabe. Achei que Tapia não acompanhou o talento de Bela.
Com o Melo
Deixei por último a participação do Valmir Melo, um 35 A… hehe… que circulou pela área VIP. Melo achou tudo animal. “A preparação física dos caras é impressionante”, ressalta, destacando também a monstruosidade do jogo dos mais jovens talentos.
Meio que já a caminho da veteranice, o que consolou Melo foi ver muitos jogadores de alto nível com mais de 40 anos. Citou o gaúcho Marcelo Jardim, há anos na Espanha “que jogava na nossa época” atuando no mesmo nível dos jogadores top. Embora reverencie os melhores como Bela e Paquito, Melo gostou do jogo do franzino Federico Chingotto, El Ratón, 140 do mundo e se passou ao indicar a sua dupla: “Queria jogar junto com o Lamperti. Ele é uma figuraça”.
Uma crítica…
… para a política de preços dos ingressos. O Padel é uma modalidade ainda não consolidada no país. Muita gente sequer sabe do que se trata. O preço dos ingressos foi bem salgado e pouco inteligente. Deveriam cobrar por dia com preços mais palatáveis para atrair mais gente, além de oferecer gratuidade de acesso ao ginásio nos dois primeiros dias.